TRIBUZANA - O Balaio das Ideias (2008)

14/06/2013
Por  Ana Russi

Esta foi a primeira resenha de CD que publiquei no blog, há quatro anos atrás:

Resolvi começar pelo Tribuzana por dois motivos: porque é uma banda boa pra caramba e porque muita gente que conhece o primeiro álbum (Debaixo das Saias de Catarina, uma obra-prima de 2005) não sabe que no ano passado eles lançaram O Balaio das Idéias.

Um rápido release: o Tribuzana é de Itajaí, surgiu em 2004, e desde então faz a mágica de agregar letras que vão a fundo na cultura catarinense (fruto de uma pesquisa intensa e completa) a ritmos diversos, que juntam guitarras e baterias bem dosadas a violinos e congas. Eu digo “mágica” por ironia mesmo: temos centenas grupos de rica musicalidade e boas letras. Agora, se for pra pensar nos versos e sonoridades que falam de Santa Catarina... aí dificilmente passamos de duas dezenas (e com muita generosidade, considerando os grupos e artistas que nem estão mais na ativa). Alguém quer contar?

Voltando ao Tribuzana (e ao Balaio das Idéias): em termos de produção, eles repetiram, em vários aspectos, a dose do primeiro álbum: produção de Ricardo Vidal (sem a parceria com Tom Saboia), gravação no mesmo estúdio, só a masterização que migrou para Itapema. Algumas faixas, como O Guardião do Açu, Estranha Força e Mapas do Sol, também reconhecem sonoridades que já pertencem ao álbum anterior e são marcas de bandas declaradamente da cultura barriga verde. E não há nenhum mal nisso: quem conhece Debaixo das Saias quer mesmo ver um pouco da herança do álbum anterior neste trabalho recente.

Senti falta de uns violões mais pronunciados. Em compensação, o contrabaixo do Nando Bittencourt dá o peso ideal em Cidadão Raso e Samburá, ainda mais combinado com os batuques. As guitarras e eletrônicos também estão na medida, enriquecem o trabalho e dão impacto positivo à primeira faixa, Dilata a Pupila (que é uma sutil “puxada de orelha” pra quem ainda pensa que cultura é o que brota da novela das oito). Pata na Lama é a soma ideal dessas sonoridades e dá desfecho ao álbum. E ainda que eu goste da voz do Venâncio (que canta algumas faixas), o Chico Preto (que também cuida da cozinha) continua sendo a identidade vocal do grupo.

Gostaria de falar mais do trabalho, faixa por faixa, mas o texto ficaria quilométrico e uma parte dos comentários cabe a quem vai ouvir o CD. Afinal, além de crítica, este é um convite para ouvir O Balaio das Idéias: presença obrigatória na estante de quem valoriza a arte catarinense. O contato da banda é bandatribuzana@hotmail.com. Aliás... cadê a home page com informações da banda, hein? Procurei no Google e não encontrei nada específico, aiaiai...